Como primeira estratégia de validação dessa ideia, realizamos uma desk research, iniciada a partir do seguinte questionamento: como as soft skills são vistas no mercado?

A Exame publicou, em novembro de 2012, uma matéria de título provocante que é até hoje muito buscada no Google: "Faça seus funcionários amarem sua empresa". Fruto de uma apuração ampla, o artigo ouviu cerca de 60 pessoas, entre empreendedores e especialistas em recursos humanos, e definiu "35 ideias para aumentar a produtividade dos funcionários e tornar sua empresa um lugar agradável de trabalhar".

Sem espanto, basicamente todas essas ideias envolvem o emprego de muitas soft skills da parte de empresários, líderes e funcionários de RH. A importância das competências comportamentais é destacada desde o início do artigo (grande em todos os sentidos): "É um erro considerar somente as competências técnicas e o currículo do candidato na hora da contratação. Habilidade para trabalhar em grupo e bom astral também são importantes — essenciais se a posição requer liderança."

Soft skills e os líderes

Diferentes publicações, da AIESEC, Ludos Pro etc, confirmam a importância das soft skills no mercado de trabalho. A Época assina em 2018 uma matéria respondendo "Por que há executivos pagando tão caro para aprender soft skills?", enquanto o fundador da SkillHub, João Bizzarri, opina que aprender habilidades comportamentais pode ser "uma válvula de escape" para profissionais que vivem em um "cenário de profundo estresse e inconstância".

Nessa linha, pesquisamos quatro matérias que abordam as melhores características dos bons líderes. As fontes foram a Escola Conquer, o IBC (Instituto Brasileiro de Coaching), o Vagas e um belo artigo (sucinto e bem escrito) do blog Convenia. Dessa amostragem, compilamos as 10 competências principais para validação na pesquisa quantitativa.

Empresas não investem em capacitação e sofrem para encontrar profissionais qualificados

O portal Terra fez uma pesquisa interessantíssima mostrando que as "empresas miram perfil 4.0, mas pouco investem em treinamento", e isso provoca um déficit de profissionais qualificados para posições de liderança. “[As companhias] acreditam que o ideal é contratar alguém de fora, quando, muitas vezes, a solução está dentro de casa. Se elas treinassem um profissional que já tem conhecimento do negócio, o ganho de produtividade seria muito maior", diz Edney Souza, diretor acadêmico da Digital House. Não à toa o Catraca Livre lista "5 habilidades que você precisa desenvolver se quiser ser chefe".

As soft skills mais buscadas no mercado

Inúmeras publicações listam as habilidades pessoais que as empresas mais buscam nos trabalhadores. A Educa+ Brasil lista ética, comunicação, criatividade, resiliência e empatia. Neste sentido, vale citar dois conteúdos sobre voluntariado que vimos recentemente no YouTube, da Fundação Estudar e do canal Na Prática. Os vídeos comentam o fato de grandes empresas, como Starbucks e Mondelez, estimularem seus colaboradores a fazer trabalho pro bono como um modo de, além de treinar hard skills, estimular soft skills importantes no mercado, como empatia, liderança e autoconhecimento.

As soft skills mais deficientes do mercado atual

A matéria mais bem elaborada a respeito é da Forbes gringa. Pesquisa realizada em 2016 aponta que 60% dos líderes de empresa alegam que os contratados recém-formados são deficientes nas seguintes soft skills: pensamento crítico, solução de problemas, atenção aos detalhes, liderança, comunicação, relações interpessoais e trabalho em equipe — todas características fundamentais para as organizações.

Certificações: por que custear

A empresa Alfredo Bottone, especializada em RH Estratégico, aponta a retenção de talentos e aumento de competitividade no mercado como os benefícios empresariais de se custear bolsas de estudo para seus funcionários. Para os trabalhadores, a certificação "impacta diretamente na sua postura, desenvolvimento e motivação para as atividades rotineiras". A Slash Education defende que "comprovações de novos aprendizados é muito importante — principalmente para quem está no começo da carreira e tem menos experiência", pois demonstra o interesse de crescimento pessoal e profissional do candidato.

Aprendizagem de soft skills — um campo a ser explorado

Após tentar buscar, de várias formas, matérias com uma abordagem negativa sobre esse tipo de competência, foram encontradas apenas textos que explicam por que as habilidades humanas demoraram tanto tempo a ser valorizadas no mercado (MIT Technology Review) ou a publicação da FORBES que destaca "10 deficiências de soft skills que podem ser prejudiciais".

Faltam bons profissionais?

Se as soft skills são tão importantes, por que a defasagem ainda é grande? Faltam profissionais e empresas de qualidade? A Você S/A fez uma pesquisa extensa, citando esquete do Porta dos Fundos e o programa Fantástico, para discutir o cancelamento dos coaches — especialistas que se debruçam muito no aprimoramento de habilidades individuais no mercado de trabalho. Na contramão, a Fortune mostra que 1000 empresas que utilizaram os serviços de bons profissionais da área observou melhora dos relacionamentos (71%), trabalho em equipe (67%), aumento da produtividade (53%), redução de conflitos (52%) e redução de custos (23%).

A importância do B2B

Por causa disso, os investimentos em soft skills são crescentes. Além da própria Gama Academy (que dedica um curso à parte de (muitas) soft skills em seu programa de capacitação em tecnologia), o Grupo Educacional SEDA, de origem irlandesa, fez um aporte de R$ 3 milhões na StarHire 365 após identificar o diferencial de "ir além da capacitação técnica" na startup de empregabilidade. O portal Startupi destaca ainda o modelo do negócio: "O cliente, na verdade, são as empresas que contratam os profissionais capacitados pela StarHire 365."